POESIA UMIDA Mário de Oliveira con l’arrivo della pioggia giunse marzo
bagnando i fogli dei calendari
i giorni colarono sui muri dietro
il fondo marcio degli armadi.
Nella pila crebbe il muschio,
le felci scesero sui portoni in grossi fasci,
il verde infiltrato sulle lastre
le coprì di muschio e capelvenere.
i libri sulle mensole ammuffirono,
ammuffirono sotto il letto le ciabatte,
irruppero funghi d’improvviso,
dentro le scarpe e gli stivali
tra vasi di coccio e fredde sere,
la vita si inumidì sugli scaffali
entrò in pozzanghere per strada,
per molti giorni scivolò sul fango.
alla fine riso e grano germogliarono,
spuntarono i fogliami, splendette il sole,
e come al principio dei princìpi
partì chiudendo marzo e fu aprile.
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In lingua originale:
POEMA ÚMIDO
Mário de Oliveira
chegando então a chuva veio março
molhou todo o papel dos calendários
os dias escorreram nas paredes
atrás do fundo podre dos armários.
deu lodo junto ao tanque, a samambaia
desceu pelos portais em grossas pencas,
infiltrações de verde sobre as lajes
cobriram-nas de musgo e de avencas.
os livros nas estantes deram mofo,
mofaram sob as camas os chinelos.
de dentro dos sapatos e das botas
romperam de imprevisto cogumelos.
a vida umideceu nas prateleiras
entre potes de barro e tardes frias,
pisou em poças d’água nas calçadas,
escorregou em limo muitos dias.
por fim arroz e trigo deram brotos,
nasceram tinhorões, o sol surgiu,
e como no princípio dos princípios
partiu levando março e trouxe abril.
Poesia tratta dalla raccolta Ventonovo, Editora Cooperativa de Escritores, Londrina, Brasile, 1975. Traduzione di Julio Monteiro Martins insieme alle sue allieve di Lettere dell’Universitŕ di Pisa Alessandra Lupi e Sandra Marinari. Mário de Oliveira č un poeta di Rio de Janeiro.
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